P. Riscada

P. Riscada
Pedra Riscada, um gigante de Minas

Ipê

Ipê
Paisagem com ipê florido

Paisagem com cáctus

Paisagem com cáctus
As grandes montanhas, as serras , os vales

Torre

Torre
A santa cruz do Norte

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Seca em Ataléia


Uma grande crise hídrica expõe os problemas do município e pede uma pausa para reflexão. Com muitos rios, córregos, lagoas e outras reservas de água completamente secas, o município de Ataléia sofre com a maior estiagem de sua história. A situação é pior nos distritos de Ataléia. Em Fidelândia, caminhões-pipa ajudam a população no abastecimento básico. Em Novo Horizonte, um chafariz abastecido por uma mina supre a demanda de água da população. São Miguel e Tipiti também vivem dias de escassez e racionamento. Rios importantes como São Mateus e Cibrão estão praticamente esgotados. E veios importantes como o córrego Peixe Branco e outros que abastecem nossos distritos e povoados também já não possuem água em seu leito. Nos arredores de Ataléia, dezenas de córregos que regavam comunidades e propriedades rurais já se esgotaram completamente ou correm sem o mínimo vigor. Açudes e represas construídos para saciar a sede do gado também  se encontram secos. O blog MM esteve visitando os arredores de Ataléia, indo até a comunidade do Poterrão onde constatou e registrou a situação penosa. A instalação de poços freáticos, também chamados de poços semi artesianos, foi uma das soluções que muitos fazendeiros encontraram para captar água para os seus rebanhos. Na comunidade do Poterrão e em outros pontos do município foram instalados poços artesianos pelo governo do Estado para caso emergencial de completa falta d'água. Seguem imagens.

Gado pastando sobre leito seco de córrego (Vila Seca)
Modad Alchaar sentado no leito seco do córrego Bananal que corria em abundância em suas terras (Poterrão)
Plantação de milho arruinada por falta d'água
Leito completamente seco e irrigação parada
Lagoa seca (fazenda de Nilo Kretli)
Poço semi artesiano (fazenda de Nilo Kretli)
Leito do córrego Bananalzinho ( 21/10/15)
Lagoa seca (Poterrão)
Terras no Poterrão que há 64 dias não recebem águas da chuva (21/10/15)
Serra onde situa-se a nascente que ainda abastece a comunidade do Poterrão (21/10/15)
Caminhando sobre o leito seco do córrego Poterrão (21/10/15)
Lucindo, proprietário da terra onde se encontra instalado o poço artesiano da comunidade do Poterrão
Com 104 metros de profundidade , o poço artesiano do Poterrão foi instalado pelo governo do Estado e deverá ser usado em caso de emergência
  

      A maior seca da história do município

Sem chuva há mais de 64 dias, Ataléia vive a pior seca de sua história. Os baixos índices pluviométricos têm sido constantes ano após ano na região. Mudança no ciclo das chuvas que caíam em setembro e agora vêm em novembro e alterações que torna o clima mais quente são fatores indiscutíveis de que há algo errado. Desmatamento sem proporção, poluição das águas, do solo, do ar, crescimento desordenado das áreas urbanas. Uma verdadeira desobediência às leis ambientais que visa somente ao benefício individual e traz o prejuízo coletivo. Tudo isso contribui para a somatória final que indica prejuízo à Natureza. Não pode haver progresso sem sustentabilidade, por isso é hora de cada um reconhecer onde pode ajudar e fazer sua parte.
                                      

                    
Rio Norte (Outubro 2015)
             
20/10/2015
Peixe morto (20/10/15)
O forte cheiro exala do rio Norte como verdadeiro esgoto a céu aberto
20/10/15
Lixo jogado pela população
Sr. Manoel Marques pela primeira vez em 46 anos como observador hídrico da cidade se depara com um cenário tão desolador e lamenta ver a natureza tão impactada
Manoel Marques afirma ser a maior seca ocorrida no município. Como morador da cidade há 65 anos e como observador hídrico há 46 anos,  jamais havia marcado índice de 62 cm em suas réguas e visto tão poucas chuvas 


              A Agonia do Rio Norte


O rio Norte, em toda sua história, nunca viveu dias tão terríveis. Este rio, motivo de orgulho e motivo de belas lembranças de moradores e ex-moradores que um dia pescaram, nadaram ou brincaram, boiando e mergulhando em suas águas profundas e ligeiras, hoje agoniza, arrastando águas rasas, lentas e fétidas. Seus habitantes mais ilustres, os lépidos e simpáticos lambaris, as chateiras, as traíras, os piaus, os bagres e tantos outros personagens que povoavam com glória sua história, hoje se encontram desaparecidos, moribundos, asfixiados, virados, mortos, entulhados em seu leito desconfortável de água suja à espera dos silenciosos urubus. A consciência de todos nós, que um dia semeamos lixo em suas margens, que despejamos nossos dejetos hospitalares, residenciais, comerciais, industriais, ou detritos de qualquer natureza em seu leito, que decepamos as raízes daquelas plantas aparentemente estúpidas que se propuseram a permanecer vivendo estáticas e sem futuro promissor em suas margens, talvez, sofra calada e sem muita culpa, com pouca dor.  Provavelmente por não termos sido capazes de perceber que um dia até os poderosos e caudalosos rios chegam ao fim. Do rio Norte, é apenas o começo do fim. E talvez virá o fim de nossas velhas consciências que viveram, que vivem e que, certamente,  um dia morrerão alimentando o sonho da prosperidade, à procura do futuro sem perceber que não haverá futuro sem o presente. Um dia, achamos um rio. A ele demos um nome e nos orientamos por ele. Seguindo suas curvas, levantamos uma cidade. Perdendo o Norte, teremos apenas começado o fim de nossa história.        

20 de outubro 2015
Peixe morto (25/10/15)
Águas escuras e fétidas do  Rio Norte - Ataléia (25 de outubro 2015)

8 comentários:

Ponesa disse...


O problema maior, é que a população parece não estar vivendo tudo isso. Continuam a lavar calçadas, carros, etc., parecem não se importarem com a situação dos moradores dos Distritos que se encontram totalmente sem abastecimentos, sendo atendidos por caminhão pipa (que já é o caso dos moradores do Distrito de Fidelândia). E o que mais me dói, é ter a certeza que quando faltar a água aqui em Ataléia, faltará para todos e não somente para os desavisados sem consciências. Ótimo trabalho Renato, parabéns pela matéria.

Unknown disse...

Se Deus quiser as chuvas já estão chegando....

Renato Alves Teixeira disse...

Temos que fazer nossa parte. Obrigado, Ponesa

Anônimo disse...

Que pena ver a minha cidade natal nesse sofrimento.Saudades do tempo em que lá vivi,mas tenho fé em Deus que tudo vai mudar pra melhor.

Helena Maria Sausmikat disse...

É lamentável a falta de consciência do ser humano. Em outras épocas eu nadei muito nesse rio. Bele e triste matéria, Renato.

Renato Alves Teixeira disse...

Obrigado, Helena

Unknown disse...

Parabéns pela reportagem...

Renato Alves Teixeira disse...

EU ESTOU MUITO TRISTE COM ESTA MATERIA, POIS NUNCA IMAGINEI VER O RIO NORTE NESSA SITUAÇAO RENATO EU EMOCIONEI AO VER ESTAS IMAGENS POIS E MUITO DIFICIL, VER UM RIO COMO ESTE NESTA SITUAÇAO MAS QUE DEUS NOS AJUDE E TENHA MISERICORDIA DE NOS. EU MORO AQUI NO MATO GROSSO FAZ 8 ANOS MAS SEMPRE ACOMPANHO AS NOTICIAS DE ATALEIA E SINCERAMENTE ME DOI MUITO UMA SITUAÇAO DESSA SOU NATURAL DO ES MAS VIVI EM ATALEIA POR MAIS OU MENOS 42 ANOS E PUDE VER E APRECIAR A BELEZA QUE ERA O RIO NORTE, NAO TEM COMO NAO FICAR EMOCIONADA COM ESSA SITUAÇAO TAO TRISTE MINHA MAE JA LAVOU MUITA ROUPA AI NO RIO NORTE ONDE ERA A FAMOSA PEDREIRA ONDE SE AJUNTAVA MUITAS LAVADEIRAS LAVANDO ROUPAS DAS PESSOAS DE ATALEIA E HOJE O QUE RESTA E SO LEMBRANÇAS;...........................................................................*Comentado por MARIA DA GLORIA TEIXEIRA